Mercado para empreendedorismo sustentável está aberto e deve crescer, mas é preciso viabilidade financeira

setembro 14, 2022

Os fundadores das greentechs Agrorobótica, Green Mining e Solfácil participaram de live promovida por PEGN nesta quinta-feira (15/4) como parte da iniciativa de lançamento do Um Só Planeta

Há diversas oportunidades para empreender com negócios de impacto sustentável, que façam a diferença na economia e, ao mesmo tempo, contribuam para a preservação de recursos naturais e ambientais. Algumas delas podem auxiliar grandes empresas, com serviços e tecnologia nas diferentes cadeias de suprimentos, ou com alternativas às pequenas e médias, para reduzir custos e elevar a produtividade. É necessário, porém, sempre analisar a viabilidade financeira da nova empreitada.

Essa é a conclusão trazida pelos empreendedores Aida Magalhães, sócia da Agrorobóticastartup que trabalha com agricultura sustentável; Rodrigo Oliveira, fundador da Green Mining, startup de gestão de resíduos e logística reversa; e Fábio Carrara, fundador da Solfácil, fintech de financiamento de energia solar, em live promovida por PEGN nesta quinta-feira (15/4), mediada pela editora executiva Marisa Adán Gil.

As greentechs estão na reportagem de capa da PEGN de abril, que é parte do lançamento de Um Só Planeta, movimento editorial que reúne, pela primeira vez, as 19 marcas do portfólio das empresas Editora Globo, Globo Condé Nast e CBN para promover práticas sustentáveis e enfrentar a crise climática.

No caso da Agrorobótica, a oportunidade na economia verde veio em 2015, após o melhor aproveitamento de uma técnica utilizada pela Embrapa Instrumentação, que consiste na análise de solo das propriedades rurais por meio de um laser, que revela a composição de cada elemento presente na amostra. Uma vez determinada a composição, é possível avaliar o quanto de carbono existe na terra e precificar esse elemento no mercado.

No entanto, para chegar lá, foi preciso integrar a tecnologia com novos hardware e software e desenvolver uma plataforma de inteligência artificial para certificar o carbono e rastrear as informações. “Existe um corpo de empresários cada vez mais interessados nessa nova tendência de emissão de carbono zero. São empresas que querem avaliar essas questões para gerar créditos negociáveis”, afirma a Magalhães.

O PEGN Labs desta quarta-feira (15/4) foi conduzido pela editora executiva Marisa Adán Gil. Ela mediou a conversa entre Aida Magalhães, Fábio Carrara e Rodrigo Oliveira (de cima para baixo) (Foto: Divulgação)

Na mesma toada, a Green Mining pensa a longo prazo. Segundo o fundador da startup, durante seus anos de experiência na indústria, percebeu que muitas pessoas, como mulheres, idosos e crianças, exploravam aterros sanitários em busca de renda, mas sem nenhuma segurança. Ali, havia um mercado que precisava ser repensado.

“Quando nós olhamos para a cadeia de reciclados, o material recolhido tem valor. Afinal, os catadores estão vendendo para alguém. Há uma cadeia de suprimentos, como os intermediários e as usinas”, disse Oliveira.

Para resolver o gargalo ecológico e social, a Green Mining criou um software para rastrear a embalagem dos produtos e fazer a chamada logística reversa. Antes informais, os catadores foram contratados e passam por treinamentos periodicamente. “Há uma legislação ambiental que precisa ser respeitada, e essa é uma oportunidade de reaproveitar todos esses materiais”, disse.

Já Fábio Carrara, da Solfácil, juntou a ampla disponibilidade de energia solar no Brasil com a dificuldade dos consumidores em acessar financiamento para a instalação dos sistemas. Essa união entre gargalo e solução tirou a fintech do papel em 2015, depois de anos de atuação do executivo com investimentos de venture capital e análise da geração distribuída a partir do sistema fotovoltaico na Alemanha.

“Percebemos que, no Brasil, as pessoas não tinham poupança para fazer o investimento, apesar do desejo de 93% dos consumidores em ter o serviço. O propósito é democratizar a energia solar. Nós fazemos o financiamento e a pessoa paga uma conta de luz menor que a parcela. É uma iniciativa pensando também nas próximas gerações”, explicou Carrara. De acordo com o empresário, a economia na conta de luz após a instalação do sistema pode chegar a 95%.

Mas, apesar de ideias inovadoras, há problemas no percurso. Um deles é o entrave dos empreendedores em tomar recursos junto às instituições financeiras, além de taxas de juros historicamente entre as maiores do mundo – atualmente, a Selic está em 2,75%, um dos menores patamares já registrados.

“Os empreendedores têm razão quando falam que encontram dificuldade de acesso à crédito. A estratégia mais acertada, eu diria, é começar pequeno e crescer aos poucos. Mas existe muita liquidez no mercado dos fundos de venture capital. Esses investidores estão buscando oportunidades”, diz Carrara.

Por outro lado, o fundador da Solfácil alerta que o pequeno e médio empresário deve ter uma ideia bem estruturada para abocanhar parte da liquidez disponível. “O empreendedor precisa estar preparado para acessar esse capital em cada estágio. Geralmente, no seed (uma das etapas iniciais) ele precisa apresentar um problema a ser resolvido, um bom time e um mercado potencial para atrair o investidor.”

Oliveira, fundador da Green Mining, entende que há uma grande agenda em prol do meio ambiente, como a sigla que resume os investimentos em fundos sustentáveis no mercado financeiro, o ESG – ambiental, sustentável e governança corporativa. Para ele, no entanto, as discussões e medidas ainda são superficiais. “É falta de entendimento ou greenwashing (apropriação indevida da pauta ambiental por companhias). A falta de informação atrapalha, então faz muito sentido um maior aprofundamento de conhecimento dos investimentos. No mercado de resíduo, as informações são dispersas. Na área de logística reversa, é material pós-consumo, então você não faz sem rastreabilidade”, frisou.

Na agricultura, Magalhães acredita em uma produção cada vez mais sustentável, dada a exigência de consumidores e dos países importadores, já que o Brasil figura entre os maiores fornecedores mundiais de alimentos. “O mercado está exigindo mais do produtor porque há a demanda por segurança alimentar e ele precisa aumentar a sua oferta em 70%. Mas como fazer com escassez de água e terra? O agricultor tem interesse, busca informação e está adotando novas tecnologias.”

Para os sócios da Solfácil e Green Mining, é importante participar de programas de aceleração patrocinados por empresas como Braskem, Ambev e Akzo Nobel, entre outras. Além da chance de receber novos aportes e virar fornecedor dessas gigantes, estar em contato com outros empreendedores pode acrescentar uma grande bagagem em termos de conhecimento. Magalhães, da Agrorobótica, explica que é mais fácil buscar recursos, seja de bancos ou investidores, quando a startup atinge determinado patamar e começa a resolver problemas e dores, ampliando a visibilidade no mercado.

Assista à live na íntegra:

 

Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios

 

leia também

Utilizamos seus dados para melhorar sua experiência em nosso site. Ao continuar navegando você concorda com a nossa Política de Privacidade e Politica de Proteção de Dados.