Tecnologia é a mesma usada pela Nasa para explorar Marte e promete revolucionar o processo, que é essencial para o plantio das culturas agrícolas. Método atual leva cerca de uma semana.
Um equipamento desenvolvido pela Embrapa Instrumentação, em São Carlos (SP), faz análise de solo em tempo real e sem usar produtos químicos. A tecnologia promete revolucionar o processo, que é essencial para o plantio de todas as culturas agrícolas, e hoje leva cerca de uma semana para ser feito em laboratórios químicos.
A pesquisa, realizada em parceria com a Agrorobótica, de Jaboticabal (SP), usa a técnica LIBS, que analisa o solo por meio de laser e é a mesma que foi utilizada pela Nasa no robô Rover Curiosity para explorar o solo de Marte.
“O laser aquece a amostra a 9/10 mil K que é a temperatura da superfície do Sol. Isso muda o estado da matéria que vai para estado de plasma. Os elementos que estão neste plasma são analisados pelo equipamento e o resultado em tempo real sai na tela de computador”, explicou a analista de qualidade Renata Maria Briganti Seiler.
A pesquisadora da Embrapa Débora Milori explica que a análise é possível porque cada elemento químico emite uma luz específica.
“Cada elemento químico possui uma espécie de impressão digital, emite uma luz característica. Então, a gente identifica qual o elemento químico e, a partir da intensidade, a gente consegue descobrir a concentração na amostra”, afirmou.
A análise do solo é essencial para que o agricultor tome decisões em relação ao tratamento do solo antes do plantio e uma análise rápida permite mais precisão neste processo.
“Hoje, 22% do custo de produção é voltado para fertilizantes e então ele [agricultor] precisa de uma decisão rápida”, analisou o engenheiro agrônomo Fábio Luiz de Angelis.
Sem poluição
Outra grande vantagem do equipamento é que ele não usa reagentes químicos e, portanto, não polui o meio ambiente.
“Um laboratório convencional de metodologia química trabalha com 15 processos químicos e o que eles fazem com esses 15 processo químicos a gente faz em tempo real com o laser”, disse Angelis.
O equipamento está passando por calibrações na empresa parceira da pesquisa. A segunda etapa já foi iniciada em uma ação conjunta que envolve Embrapa, Universidade de São Paulo (USP) e Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) para a criação de uma câmara a vácuo para isolar a amostra de solo da atmosfera e permitir a análise de mais componentes químicos, como o nitrogênio.
“Como alguns elementos presentes no solo são mais difíceis de serem detectados, a gente precisa isolar a amostra do ar atmosférico para que a gente possa fazer essa medida mais eficiente”, explicou engenheiro elétrico Denis Henrique Neves.
Atualmente, o equipamento possui módulos de análises de Carbono; Textura (Teores Areia, Silte e Argila) e pH. Além de integrar soluções de georreferenciamento de amostragem de campo e análise de solos por LIBS, o equipamento usa uma plataforma com inteligência artificial para os modelos de quantificação. As informações são encaminhadas para o agricultor com recomendações agronômicas por meio de um aplicativo para celular.
“A gente acredita que é uma tecnologia que vai agregar muito na análise tradicional, vai ajudar na praticidade, a reduzir o número de reagentes que tem dentro do laboratório que são complicações dessa técnica que existe muito anos, é muito boa, muito precisa, mas tem essa dificuldades operacionais”, definiu o proprietário da Agrorobótica, Diogo Mazza Barbieri.