Apesar dos avanços, quase metade dos agricultores não modernizaram o manejo. Modernização traz aumento da qualidade e da produtividade dos plantios, economia no gasto com insumos, menos desmatamento e maior sequestro do carbono da atmosfera são algumas das vantagens destas técnicas.

Da rotação de culturas ao uso de lasers para análise da terra, o Brasil está na vanguarda da tecnologia de solos. Estas aplicações não somente ajudam o agricultor a aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos cultivos, como também tornam as lavouras mais sustentáveis.
A modernização do trato do solo vai além das aparelhagens. Técnicas como o plantio direto, em nível e pousio também fazem toda a diferença nas colheitas e ajudam a alcançar o chamado “efeito poupa-terra“, que é a possibilidade de plantar mais, usando uma área menor.
Somando-se a estas vantagens, o manejo correto do solo também pode potencializar a sua fertilidade e a sua capacidade de sequestrar carbono da atmosfera, que é a retirada de circulação deste gás que colabora para o efeito estufa.
Ainda assim, quase metade dos produtores não usam nenhuma destas técnica em suas lavouras, seja por falta de conhecimento ou por questões financeiras.
Além disso, a proporção de consultas técnicas vem caindo de 2006 para cá, o que pode indicar que as tecnologias estão sendo aplicadas de forma errada, prejudicando a plantação e o trabalhador.
Qualquer ação para aumentar ou diminuir a produtividade de uma lavoura é centrada no solo, já que, melhorando a terra, haverá um maior desempenho da planta, explica o professor Carlos Eduardo Pellegrino Cerri, do Departamento de Ciência do Solo da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP).
O professor conta que houve um avanço neste debate, que anteriormente se concentrava apenas nos atributos químicos do solo, como a sua fertilidade, enquanto hoje já se fala também dos componentes físicos e biológicos.
“Hoje verifica-se que não adianta só uma abordagem química porque a planta também tem um sistema radicular importante. Imagine uma raiz tentando crescer em um solo compactado, bem duro, ela vai ter dificuldades”, exemplifica. “Dá para ser fértil sem ser produtivo”, completa.
Para ajudar o plantio a atingir seu potencial máximo, os agricultores devem usar as técnicas de melhoramento, contudo, ainda hoje, parte dos trabalhadores rurais optam pelo preparo convencional, ou seja, usam, por exemplo, a aração e gradagem, que revolvem a terra.
“Isso não é bom para o solo. Isso não é interessante porque cada vez que a gente revolve o solo a gente vai perdendo os nutrientes que esse solo tem, sobretudo os orgânicos”, afirma Cerri.